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19 de julho de 2009

Café amargo

Encontrava-me no meio do transito num arranca e para infernal. Eram seis da tarde e a baixa do Porto parecia mais povoada do que nunca. Estava a desesperar. Precisava de um café com urgencia. Num movimento impensado, coloquei a mão no retrovisor para o orientar de forma a visualizar os carros que me seguiam na traseira. Eis que reparo no carro de trás. Seguia um homem com traços italianos.Olhando para o retrovisor fui-me deliciando com aquele rosto quadrado, moreno e de barba mal feita mas os seus óculos espelhados impediam-me de ver a cor dos seus olhos. Teimosamente os meus olhos focavam com persistencia o ocupante do carro. O meu pensamento vadio foi-me traindo vagamente.Comecei a imaginar que aquele Apolo saido do Ateneu podia agarrar-me e beijar-me apaixonadamente deixando-me sem respiração. Volto a olhar pelo retrovisor.Mas de repente com um ar maroto, reparo que este havia puxado os oculos para a ponta do nariz. Aí pude ver os seus olhos pretos. Sera que se deixou envolver na minha fantasia? Mas num flash puxou os oculos para cima e os seus lábios esboçavam um riso de gozo. Desviei o olhar tentando demonstrar que nada me interesava mas reparo que o condutor de trás me fez um sinal de luzes como que chamando por mim. Agora olho pelo retrovisor lateral e reparo que estava a agitar a cabeça como se estivesse a brincar comigo. Colocava-a fora do vidro e puxava os oculos para cima e para baixco. Eu ria-me. Volta a dar sinais de luzes e gesticulava algo que não entendia. Parecia que me estava a pedir o numero de telefone. Olhava para o retrovisor e não entendia. Decidi colocar a cabeça de fora para entender. Queria apenas tomar um café. Num gesto anui ao pedido. Continuou a gesticular para me avisar que me ia ultrapassar e para o seguir. Aqueles momentos foram agitando todo o meu pensamento. Senti a respiração a acelarar, o corpo estremecer e o pensamento a vadiar em mil e uma histórias de amor escaldante.Já na minha frente o automobilista foi-me guiando pelo caminho e como que hipnotizada fui-me deixando levar. Por momentos receie que aquela loucura me puderia levar a algum ermo do qual dificilmente sairia mas em simultaneo aquele rosto quadrado cheirava-me a macho e eu como fera indomanvel sentia o apelo animal naquele momento desconhecido. Confusa fui deixando que o meu corpo tomasse conta da minha razão e deixei que aquele estranho me conduzisse ate onde desejasse.Finalmente parou. os meus receios não foram justificados. Estava no parque de estacionamento do salão de chá da Boa Nova. Para um fim de tarde, de um dia de inverno, até não era mal pensado. O susto não foi o lugar mas sim a pessoa. De repente aquela figura máscula que me enfeitiçou no meio do transito apresentava-se como um pequeno pigmeu que de Apolo pouco tinha e o meu pensamento imediato que café tão amargo esse......

Love is a fast food....

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