No profundo azul do teu olhar deixei reflectir o meu carinho.
Era verão…um verão quente. Tínhamos combinado ir dar uma volta de moto. O calor desse verão estalávamos o rosto. Paramos a saborear o verde do Geres . Nem uma brisa corria. Apenas o silêncio daquele calor sufocante. Descemos até ao riacho em busca de umafresca pausa. Senti a agua fresca do Homem correr-me pelo peito… um arrepio e uma vontade incessante de me deixar levar por cada gota.
Olhei-te. Olhei - te nesse azul imenso e perdi-me nessa nuvem de afectos. Deslizamos lentamente na lagoa envolvidos num longo e quente olhar. Deixamos fluir carinhos e universos infindáveis de promessas silenciosas de afectos quentes.
Um verão quente…como nunca havia vivido.Num calor que rapidamente aqueceu a fresca lagoa achei-me perdida entre a luz do teu olhar e o vigor da tua pele. Levada no aroma de âmbar que só tu tens perdi-me no teu horizonte. Num local itero onde se confina o mel da tua pele e o azul do teu olhar. Reflexo de paixões quentes desmaie em teu corpo. Volatilizei o desejo…perdi-me nesse Azul.
Um verão quente de paixão…um reflexo de mim no teu profundo azul.
O nosso amor ultrapassa a barreiras da moralidade. É sonho, é musica , tem sido tudo o que queremos menos o mais comum.
Hoje é segunda feira. Quando cheguei ao escritório e liguei o computador para mais uma jornada não havia ainda decidido se almoçava por lá ou se iria sair. Mas rapidamente o destino do meu dia foi traçado.
O telefone tocou…eras tu.
- Acabo de comprar umas cerejas lindas…vamos almoçar juntos. (disseste)
- Não sei….nem a agenda ainda abri estou a chegar e a ligar o computador
- Nada disso é inegociável. Vamos juntos para o nosso santuário.
Era um santuário efectivamente, mas também o transformamos no santuário do nosso amor.
As cerejas eram linda de facto, grandes e carnudas. Pude sentir uma a uma numa mistura de suco e calor dos teus lábios. Acariciavas-me o rosto enquanto comíamos. Desviavas-me os fios do meu cabelo enquanto me beijavas. Senti as tuas mãos no meu colo.
Chovia. Os vidros do carro estavam embaciados . A musica que nos acompanhava tinha uma batida forte e num acto de loucura abriste a porta do automóvel e saltas-te para a rua. Dançavas. Eu perdida de riso via-te bailar à minha frente. E puxaste-me para ti.
De corpos molhados pela chuva sentíamos o ritmo da musica. Os nossos pés dançavam sós e nos envolvidos na paixão daquela musica, da nossa musica trocávamos olhares, sentíamos perfumes. Sentia o calor do teu corpo molhado de chuva enquanto sentias o meu molhado de desejo.
Havíamos combinado um milhão de vezes de nos voltarmos a encontrar, porém os tempos e as vontades afastavam-nos cada vez mais. Mas no silêncio dos nossos pensamentos amordaçava-se um “desejo-te”.
Ligaste. Trocamos memórias e vontades ocultas. Falamos da vida e do que nos aborrecia até que se soltou “preciso de ti, já não aguento as saudades que sinto de ti”.
- Almoçamos amanhã?
- Parece-me bem.
Num reencontro patético as nossas mãos tocaram-se e os nossos corpos estremeceram.
- Vamos almoçar, ou…(disse)
- …vamos namorar preciso de ti. (completou)
Tocou-me nos lábios com ternura e pude sentir o calor do seu desejo. Conduziu-me há casa da mata e mesmo antes de entrar os nossos lábios colaram-se em beijos quentes. O calor dos seus grossos lábios estimularam-me o desejo e a vontade de nos possuirmos tomou forma e contornes irreversíveis.
Não necessitávamos de falar. Já havia passado muito tempo desde o nosso ultimo encontro, mas naquele instante dissipou-se a distância e as palavras nada acresciam ao calor dos nossos corpos. Senti como se fosse a primeira vez que o possuía. As suas mãos guiaram os meus sentidos e o seu corpo envolve-me de prazer.
No silêncio dos abraços, no calor dos nossos lábios ali ficamoslevados no gozo desse instante esquecidos do mundo e das obrigações.
O amor é como a fast food. Sabemos que nos faz mal a uma série de "valores" calóricos, mas...é incontornável todos queremos comer.
Decidimos racionalmente criar regras de consumo de "fast", mas é impossivel...quanto mais mais apetece.
O amor consome-se no desejo do fast...